É possível que um sistema de impulso genético introduzido no genoma de uma espécie seja transferido para o genoma de outra espécie?
Sim, os genes podem circular entre espécies em determinadas circunstâncias, mas isso não significa que se tornem funcionais na nova espécie.
O ADN circula entre espécies por duas vias: 1) hibridação interespecífica (introgressão) e 2) transferência horizontal (ou lateral) de genes. Se duas espécies tiverem um grau de parentesco relativamente próximo, permitindo uma hibridação bem-sucedida (acasalamento e produção de descendentes viáveis e férteis), e se elas coexistem no mesmo ambiente, é possível que um sistema de impulso genético concebido e introduzido numa espécie seja transferido para outra espécie. Isto pode acontecer, por exemplo, em espécies irmãs do grupo Anopheles gambiae, onde a maioria das espécies são vetores de malária.
A transferência horizontal (lateral) de genes consiste na movimentação de ADN entre espécies sem que haja acasalamento ou hibridação. A transferência horizontal de genes é comum entre as bactérias, mas rara entre as plantas e os animais, onde ocorre numa escala de tempo evolutiva através de mecanismos que permanecem obscuros. Mais raras ainda são os casos em que existe O ADN transferido é expresso e mantém a sua função original.
A possibilidade de que um impulso genético sintético seja introduzido e funcional em espécies não relacionadas parece altamente improvável baseados nos conhecimentos científicos atuais. O funcionamento das tecnologias de impulso genético depende do funcionamento de todos os elementos de seu sistema em células e momentos muito específicos. Esta especificidade exige elementos moleculares particulares que não funcionarão corretamente noutras espécies. No entanto, esta questão deve ser considerada caso a caso numa avaliação de riscos.