Como serão testados os mosquitos com impulsos genéticos?
Os mosquitos modificados por impulsos genéticos constituem um tipo de mosquitos geneticamente modificados. Em ambos os casos, os mosquitos das espécies-alvo são modificados utilizando biotecnologia moderna de modo a apresentarem uma ou mais características diferentes dos mosquitos de tipo selvagem (não modificados) da mesma espécie. A diminuição da capacidade dos mosquitos modificados de transmitir doenças como a malária ou a dengue é um exemplo de uma nova caraterística desejável. As modificações podem envolver a alteração da sequência de genes existentes, a desativação ou excisão de genes existentes, ou ainda a introdução de novos genes ou outros elementos genéticos no genoma do mosquito.
Quando não está associado a um impulso genético, um gene (incluindo qualquer modificação genética introduzida) é normalmente transmitido a seus descentes através do acasalamento de mosquitos modificados por mosquitos de tipo selvagem, de acordo com o padrão mendeliano de hereditariedade, segundo o qual cada gene tem 50% de probabilidade de ser transmitido pelo progenitor à geração seguinte. Se o gene ou a modificação genética estiver associado a um custo de aptidão (capacidade competitiva reduzida), a caraterística relacionada irá desaparecer da população ao longo do tempo. Se o custo de aptidão for acentuado, o(s) gene(s) introduzido(s) pode(m) desaparecer rapidamente; seria o caso, por exemplo, se a modificação causasse uma redução da fertilidade nos mosquitos que a portassem.
Quando associada a um impulso genético, a modificação genética é herdada de forma preferencial. O novo traço associado ao gene acaba por se tornar dominante na população, uma vez que mais de 50% (por vezes, quase 100%) da descendência proveniente de cruzamentos entre mosquitos modificados por impulsos genéticos e os seus homólogos de tipo selvagem herdam a modificação.
Para mais informação: http://www.geneconvenevi.org/gene-drive-defined/
Durante a fase 1, testes podem ser conduzidos em instalações laboratoriais e gaiolas de confinamento em qualquer local, desde que as espécies de mosquitos sejam mantidas confinadas. Todos os estudos de campo devem necessariamente de ser realizados no meio-ambiente onde a espécie de mosquito-alvo vive naturalmente. Os testes da fase 3, que avaliam a segurança e a eficácia em termos de redução da doença, devem ser realizados em áreas onde a doença em questão é ativamente transmitida.
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Sim, dependendo do tipo de impulso genético e da escala da liberação de mosquitos. Impulsos genéticos não causam ou aumentam a resistência a inseticidas. Cuidados estão sendo tomados para que não sejam feitas modificações que possam aumentar a resistência a inseticidas na população local de mosquitos. Por exemplo, a construção do impulso genético pode ser introduzida na espécie-alvo local de modo que suas outras características permaneçam inalteradas. Estão também a ser explorados outros métodos de controlo dos mosquitos modificados por impulsos genéticos, incluindo mecanismos genéticos e abordagens à base de pequenas moléculas.
Para mais informação:
http://www.ajtmh.org/view/journals/tpmd/98/6_Suppl/article-p1.xml
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Até agora, a maior parte da pesquisa tem como foco mosquitos Anopheles gambiae (Anopheles gambiae s.s. e Anophleles coluzzii), que são importantes vetores da malária em África. Os mosquitos Aedes aegypti, importantes vetores de infeções arbovirais, não se revelaram tão recetivos aos sistemas de impulsos genéticos (homing) mediados por CRISPR/Cas como os Anopheles. No entanto, os sistemas de impulso genético utilizando CRISPR mostraram-se eficazes em laboratório recentemente, e genes efetores antivirais para substituição de populações foram identificados. A aplicação da tecnologia de impulso genético aos mosquitos Culex, que transmitem uma série de doenças humanas e animais, encontra-se numa fase ainda mais precoce, mas já foram desenvolvidas ferramentas para facilitar a edição do genoma.
Para mais informação:
https://elifesciences.org/articles/51701
http://www.mdpi.com/2075-4450/11/1/52%3B
http://www.biorxiv.org/content/10.1101/2021.12.08.471839v1%3B
http://www.nature.com/articles/s41467-021-23239-0
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Os métodos convencionais de controlo incluem medicamentos para prevenir ou tratar infeção e doença em seres humanos, instrumentos de controlo dos vetores baseados em pesticidas químicos – como a aplicação espacial de inseticidas e a utilização de redes tratadas com inseticida –, bem como a gestão ambiental para reduzir a área onde os vetores se reproduzem e a melhoria das habitações para reduzir a exposição aos vetores.
Todos estes métodos são importantes, mas não foram capazes de resolver inteiramente o problema de saúde pública que as doenças transmitidas por vetores representam. A manutenção dos métodos convencionais de controlo de vetores pode ser extremamente dispendiosa, e a resistência aos inseticidas é um desafio no caso de mosquitos que transmitem a malária ou as doenças arbovirais comuns. É do conhecimento geral que os instrumentos atuais são provavelmente insuficientes para erradicar a malária. Por exemplo, a Organização Mundial de Saúde reconhece que os progressos contra a malária estagnaram nos últimos anos e que a situação permanece precária, especialmente na África Subsariana. Também afirma que a incidência global de dengue aumentou dramaticamente, com cerca de metade da população mundial em risco de contrair essa e outras doenças virais transmitidas pela mesma espécie de mosquito.
Para mais informação:
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/malaria
https://www.who.int/teams/global-malaria-programme/reports/world-malaria-report-2021
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dengue-and-severe-dengue
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Os testes em fases devem incluir a análise das características de segurança e de eficácia. Como recomendado pela Organização Mundial de Saúde e pela Convenção sobre Diversidade Biológica, esta análise vai implicar o estudo de possíveis efeitos adversos na saúde humana ou animal, ou no meio-ambiente, incluindo a proteção da biodiversidade. Os riscos de saúde que foram identificados como prioridades incluem: o potencial da modificação provocar o aumento da espécie de mosquitos que transporta o agente patogénico de interesse; as alterações que poderiam resultar na maior capacidade dos mosquitos para transmitir o agente patogénico em questão ou outros agentes patogénicos; as alterações que poderiam limitar a capacidade de controlar os mosquitos com uso de métodos convencionais; aumento da alergenicidade ou toxicidade dos mosquitos para os seres humanos ou outros organismos; ou aumento da virulência dos agentes patogénicos transportados pelo mosquito. Os riscos ambientais identificados como prioritários incluem: o potencial de propagação da modificação a outras espécies que possam causar danos no ecossistema; efeitos nocivos indiretos para outras espécies que dependem dos mosquitos modificados para algum tipo de função essencial; aumento de uma espécie de mosquito concorrente e nociva; ou efeitos nocivos de ordem superior para a comunidade ecológica.
Para mais informação:
https://www.who.int/publications/i/item/9789240025233
http://www.ajtmh.org/content/journals/10.4269/ajtmh.18-0083
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Um aspeto importante da metodologia de teste por fases é a avaliação da eficácia (a capacidade de produzir o efeito procurado). O teste da eficácia parte da medição das características entomológicas, como por exemplo, se a modificação é estável, se afeta negativamente a sobrevivência ou a competitividade dos mosquitos em termos de acasalamento, e se reduz a capacidade de reprodução ou de transporte do agente patogénico de interesse. Estas características podem ajudar a prever a eficácia da ferramenta de controlo de vetores na prevenção de doenças. No entanto, a capacidade da ferramenta de reduzir a incidência ou a prevalência da infeção ou da doença só pode ser avaliada durante os testes em campo em grande escala. Estes deverão ser conduzidos de forma semelhante a outros tipos de ensaios clínicos, de acordo com as normas éticas acordadas internacionalmente, bem como com os requisitos regulamentares nacionais e locais aplicáveis. Metas de desempenho pré-definidas irão determinar se os resultados de eficácia justificam a continuação dos testes durante cada fase.
Para mais informação:
https://www.who.int/publications/i/item/9789240025233
http://www.ajtmh.org/content/journals/10.4269/ajtmh.18-0083
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/259688/WHO-HTM-NTD-VEM-2017.03-eng.pdf
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O Comité Americano de Entomologia Médica elaborou diretrizes para a manipulação segura de artrópodes vetores de agentes de doenças humanas e animais, incluindo mosquitos. Estas diretrizes descrevem as instalações e treinamentos necessários contra a liberação não autorizada artrópodes vetores da zona de confinamento. Estas diretrizes incluem considerações sobre vetores que contêm moléculas de ADN recombinante e sobre aqueles que foram modificados por transgenes capazes de serem impulsionados geneticamente. Estas recomendações baseiam-se numa abordagem centrada no risco, com requisitos de confinamento que variam de acordo com as possíveis consequências de se liberar mosquitos modificados prematuramente.
Para mais informação:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6396570/
https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/vbz.2021.0035
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A metodologia recomendada inclui quatro fases.
Fase 1 envolve estudos iniciais sobre a segurança e a eficácia, conduzidos em laboratório e em gaiolas que contêm um pequeno número de mosquitos. Todos estes estudos são realizados em ambientes fechados, com confinamento adequado, para evitar a fuga dos mosquitos modificados para o meio-ambiente. Se os mosquitos modificados demonstrarem as características biológicas e funcionais pretendidas, os testes podem então avançar.
A Fase 2 consiste na expansão dos testes confinados para condições de confinamento físico ou ecológico, com o objetivo de limitar o escape para o exterior dos mosquitos modificados, estudando-os em gaiolas de grande dimensão ao ar livre ou em contexto de isolamento geográfico/espacial/climático. Isto permitirá verificar se os mosquitos modificados continuam a apresentar as características esperadas, a fim de prever a capacidade de reduzir a transmissão de doenças. Dependendo dos resultados da Fase 2, os testes podem prosseguir para a Fase 3 de estudos adicionais.
A Fase 3 inclui testes de liberação em espaço aberto para avaliar a transmissão de doenças sob várias condições. Durante esta fase, a capacidade de reduzir a incidência ou a prevalência da infeção ou da doença pode ser medida diretamente. Se os testes da Fase 3 comprovarem que a eficácia e a segurança são satisfatórias, os reguladores e decisores políticos poderão ponderar o uso abrangente da ferramenta para fins de saúde pública.
A fase 4 implica a monitorização contínua da eficácia e da segurança da ferramenta de controlo de vetores em condições operacionais.
As fases 1 a 3 podem ter de ser repetidas para aprimorar a tecnologia e aperfeiçoar os procedimentos até serem alcançados os requisitos necessários para avançar à fase seguinte. Se a modificação genética for um impulso genético autossustentável que persista no meio-ambiente, a metodologia de teste por fases será, realisticamente, um processo contínuo e em expansão de liberações dos mosquitos.
A decisão de passar de uma fase de teste para a seguinte requer uma autorização regulatória adequada e o consentimento das comunidades onde os testes são efetuados.
Para mais informação:
https://www.who.int/publications/i/item/9789240025233
http://www.ajtmh.org/content/journals/10.4269/ajtmh.18-0083
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Por norma, antes de uma nova ferramenta de controlo de vetores ser introduzida no mercado, a mesma é testada através de uma série de ensaios clínicos exaustivos ou de testes em campo. Esta metodologia de teste por fases permite que os responsáveis pelo desenvolvimento e que as entidades reguladoras entendam se a nova ferramenta funciona e é segura. A pesquisa de novas ferramentas começa com testes exaustivos em laboratório. Os responsáveis pelo desenvolvimento apresentam os resultados laboratoriais às autoridades reguladoras, que determinam se e como a ferramenta pode passar para os ensaios clínicos ou testes em campo. Após a aprovação regulamentar, os testes são iniciados numa escala muito reduzida, em condições que permitem minimizar os riscos para as pessoas ou para o meio-ambiente. Se os resultados desses testes em pequena escala se revelarem promissores, as entidades reguladoras podem aprovar a passagem para testes de segurança e eficácia em maior escala. Em função desses resultados, os reguladores decidem se e em que condições a ferramenta de controlo de vetores pode ser disponibilizada ao público. Se, em qualquer fase deste percurso, a ferramenta não for capaz de demonstrar as características de segurança e eficácia esperadas, então não se deve avançar e os responsáveis pelo desenvolvimento devem decidir se e como a mesma pode ser melhorada para então reiniciar os testes.
Para mais informação:
http://www.fda.gov/patients/drug-development-process/step-3-clinical-research
https://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/find-a-clinical-trial/what-clinical-trials-are/phases-of-clinical-trials
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/259688/WHO-HTM-NTD-VEM-2017.03-eng.pdf
https://nap.nationalacademies.org/catalog/23405/gene-drives-on-the-horizon-advancing-science-navigating-uncertainty-and
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O World Mosquito Program desenvolveu uma linhagem única de mosquito Aedes aegypti que está infetada com a bactéria intracelular Wolbachia, sendo esta infeção transmitida dos progenitores para os descendentes. Os mosquitos que contêm Wolbachia têm uma capacidade substancialmente inferior de transmitir a dengue e outros vírus transmitidos por mosquitos. A ferramenta de controlo de vetores do World Mosquito Program demonstrou uma redução significativa da transmissão da dengue durante um ensaio clínico abrangente realizado na Indonésia.
Atualmente, existem pesquisas para compreender se os micróbios que ocorrem naturalmente nos mosquitos Anopheles, como a Wolbachia, podem deixá-los resistentes aos parasitas da malária, prevenindo assim a transmissão da doença. No entanto, é importante notar que as tecnologias baseadas na Wolbachia exigiriam um maior número e liberações de mosquitos infetados com Wolbachia do que as tecnologias de impulso genético autossustentáveis e autolimitantes. Isto pode apresentar limitações operacionais e logísticas para a utilização de tecnologias baseadas na Wolbachia ou noutros simbiontes para combater a malária diante das condições existentes em África.
Para mais informação:
http://www.who.int/publications/i/item/9789240025233
http://www.worldmosquitoprogram.org/
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A Oxitec foi a primeira empresa a desenvolver uma variação da Técnica do Inseto Estéril, utilizando mosquitos Aedes aegypti geneticamente modificados que continham genes letais para a geração seguinte. Quando os mosquitos machos foram liberados em grandes quantidades, as fêmeas locais que acasalaram com eles não conseguiram produzir descendentes viáveis, reduzindo o número total de mosquitos Aedes aegypti. Esta ferramenta de primeira geração não tinha como objetivo a permanência da modificação no meio-ambiente depois de sua liberação inicial. A Oxitec desenvolveu agora uma tecnologia de segunda geração através da qual o gene introduzido atua unicamente contra a descendência feminina. Quando estes mosquitos modificados são liberados, apenas os descendentes masculinos sobrevivem para se reproduzirem, sendo que estes machos podem transmitir a modificação para metade dos seus descendentes.
Por vezes, parece haver confusão se este método de biocontrolo genético utiliza o impulso genético, mas a verdade é que não utiliza. Esta tecnologia de segunda geração depende da hereditariedade mendeliana, segundo a qual os genes de um dos progenitores são geralmente transmitidos a cerca de metade dos descendentes de cada geração subsequente. Desta forma, a modificação poderá persistir na população local de mosquitos durante algum tempo, mas o número de mosquitos modificados continuará a diminuir. Em contraste, o objetivo do impulso genético consiste em aumentar o número de mosquitos modificados no seio da população-alvo ao longo do tempo, de modo a assegurar uma melhor sustentabilidade e eficácia em termos de custos.
Para mais informações:
https://www.oxitec.com/en/our-technology
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A malária está presente numa enorme área do continente africano, desde o norte da África do Sul até ao extremo sul do deserto do Saara. A eliminação da malária em África tem envolvido e continuará a envolver a utilização de diversas ferramentas. As tecnologias de impulso genético têm o potencial de fornecer um conjunto novo e altamente eficaz de ferramentas complementares e que podem contribuir para a eliminação da doença.
A Técnica do Inseto Estéril e os programas de biocontrolo genético relacionados requerem a criação e liberação contínua de grandes quantidades de insetos para assegurar o controlo de pragas. Embora seja perfeitamente possível que estes programas contribuam para a eliminação da malária nas zonas urbanas, eles são muito menos adequados para lidar com o controlo da malária nas pequenas cidades e aldeias rurais, que são abundantes, remotas e muito dispersadas pelo continente. O potencial para que os efeitos das tecnologias de impulso genético persistam durante períodos mais longos e, em alguns casos, se propaguem dentro e entre espécies específicas de mosquitos transmissores da malária, tornam estas tecnologias ferramentas atrativas para eliminar a transmissão da doença na extensa região afetada.
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São utilizadas técnicas de biologia molecular para criar a construção genética que será introduzida no mosquito. A construção é assim micro-injectada num ovo de mosquito, de modo a ser incorporada no ADN do mosquito.
Para mais informação:
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Os mosquitos e alguns outros organismos são, potencialmente, excelentes alvos para as tecnologias de impulso genético, uma vez que possuem um tempo de geração curto e muitos descendentes, permitindo que os traços associados ao impulso genético se propaguem rapidamente e produzam o efeito desejado para fins de saúde pública num período de tempo observável. O tempo de geração dos mosquitos é de algumas semanas apenas.
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Existem pelo menos três razões pelas quais os sistemas de impulso genético devem ser considerados em vez de outras técnicas de biocontrolo genético:
Os que têm potencial para persistir e propagar-se dentro e entre populações cruzadas do organismo-alvo serão mais adequados para necessidades de controlo que abrangem grandes áreas (a nível nacional ou regional).
Os métodos de biocontrolo genético, como a Técnica do Inseto Estéril e técnicas relacionadas, requerem a criação, transporte e liberação contínuos de grandes quantidades de insetos para manter o controlo do organismo-alvo. A manutenção destes programas ao longo do tempo pode constituir um desafio e exigir muitos recursos. A capacidade de persistência e de propagação das tecnologias de impulso genético pode facilitar a sua aplicação e manutenção, contribuindo para o seu impacto sustentável.
As tecnologias de impulso genético podem ser desenvolvidas para reduzir ou eliminar o organismo-alvo do ambiente local, ou para deixar a espécie-alvo no ambiente, mas alterando-a geneticamente de modo a deixar de representar uma ameaça. Esta flexibilidade é uma caraterística importante das tecnologias de impulso genético.
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Existem diversos registos de espécies diferentes de mosquitos que transmitem a malária no mundo, mas nem todos são tão eficazes enquanto vetores, o que faz com que o controlo de algumas seja muito mais impactante do que de outras. Por exemplo, uma das razões pelas quais o Anopheles gambiae s.s. é um vetor tão perigoso da malária humana em África deve-se à sua preferência quase exclusiva por picar seres humanos, enquanto outros vetores tendem a picar também outros animais a fim de obter o sangue necessário para a sua reprodução. Outros membros da família Anopheles gambiae (espécies irmãs) também transmitem a malária, e deve ser relativamente simples aplicar-lhes os mesmos métodos de impulso genético. Espera-se que o controlo desta poderosa família de vetores em África tenha um impacto significativo na transmissão da doença. Uma tecnologia semelhante poderia ser aplicada a outros vetores da malária.
A dengue e várias outras doenças arbovirais são transmitidas principalmente pelos mosquitos Aedes aegypti, então o potencial uso de impulso genético nestes mosquitos poderia também reduzir drasticamente a transmissão dessas doenças.
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As tecnologias de mosquitos modificados por impulsos genéticos destinam-se a ser utilizadas em programas integrados de gestão de vetores, em conjunto com outros métodos de controlo. Muitas destas atividades podem ser incorporadas em planos de controlo de doenças existentes, sendo que, neste caso, os programas nacionais de controlo de vetores e doenças podem desempenhar um papel central na operacionalização desses planos. A implementação de tecnologias de mosquitos geneticamente modificados implica análises preparatórias, o desenvolvimento de ferramenta de controlo de vetores específicos para cada local, a implementação/entrega e o trabalho de monitorização e avaliação pós-implementação. Muitas destas funções fazem parte, ou podem ser desenvolvidas, a partir das atividades nacionais existentes de controlo de vetores.
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As tecnologias de impulso genético têm o potencial de promover e possibilitar a redução da incidência de doenças transmitidas por mosquitos, como a malária em África e a dengue em muitas partes do mundo, o que resultaria em populações mais saudáveis. As tecnologias de impulso genético estão a ser desenvolvidas para complementar outras ferramentas de controlo de doenças e podem, na realidade, contribuir para que essas ferramentas sejam mais eficazes. Para além dos benefícios diretos para a saúde pública decorrentes da utilização de tecnologias de impulso genético, os que aderem a essas tecnologias podem beneficiar da facilidade de sua implementação e do seu baixo custo, o que contribuiria para a sustentabilidade dos seus efeitos protetores.
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O controlo convencional de vetores revelou-se eficaz na redução e, em alguns casos, na eliminação de doenças transmitidas por vetores. A engenharia ambiental (por exemplo, a drenagem de pântanos) e os inseticidas (principalmente o DDT) foram importantes para a eliminação da malária na América do Norte e na Europa Ocidental. Em África, os mosquiteiros tratados com inseticida e uso de inseticidas em espaços interiores reduziram substancialmente o fardo da malária. No entanto, os métodos de controlo baseados em inseticidas são custosos, estão sujeitos ao desenvolvimento de resistência no mosquito, e podem não atingir populações importantes de mosquitos transmissores da doença. O progresso na luta contra a malária estagnou durante os últimos anos, sendo que o problema continua a ser particularmente grave no continente africano. As vantagens teóricas dos mosquitos geneticamente modificados são as seguintes:
Garantir uma proteção que beneficie todas as pessoas que vivem na área em questão, independentemente do seu estatuto socioeconómico ou do acesso a instalações de saúde, e sem impor encargos adicionais ou obrigar as pessoas a modificar seus hábitos.
Afetar diretamente apenas as espécies-alvo, ao contrário do que acontece no caso de inseticidas, tendo assim menos consequências para a biodiversidade.
Alcançar populações de mosquitos e locais de reprodução que são tradicionalmente mais complicados e custosos de combater utilizando estratégias convencionais de controlo de vetores, explorando o comportamento natural dos mosquitos de procurar uns aos outros e encontrar locais de oviposição.
Ser útil tanto em ambientes urbanos como rurais, e independentemente de o vetor estar presente em alta ou baixa densidade.
Assegurar uma proteção contínua em situações em que o fornecimento de outras ferramentas de controlo da malária tenha sido interrompido.
Algumas tecnologias de impulso genético podem ser particularmente sustentáveis, necessitando apenas de algumas liberações de mosquitos com impulsos genéticos para causar impactos significativos e duradouros numa espécie-alvo. Algumas tecnologias de impulso genético podem propagar-se por extensas áreas geográficas que seriam difíceis de alcançar utilizando tecnologias convencionais como os inseticidas. É de esperar que estas características tornem a sua utilização especialmente rentável. Além disso, a proteção contínua proporcionada por mosquitos portadores de genes autossustentáveis pode prevenir a reintrodução de uma doença em regiões onde esta foi eliminada, ou proteger regiões da introdução de novas doenças transmitidas por mosquitos.
Para mais informação:
https://www.who.int/publications/i/item/9789240025233
http://www.who.int/teams/global-malaria-programme/reports/world-malaria-report-2021
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Os mosquitos são responsáveis pela transmissão de várias doenças que são fatais e debilitantes para os seres humanos e os animais. Os pesquisadores que se dedicam ao estudo das tecnologias de impulso genético nos mosquitos apontam para várias utilizações possíveis, tais como: 1) prevenir a transmissão dos parasitas da malária em áreas de incidência elevada; 2) prevenir a transmissão de arbovírus responsáveis por doenças como a dengue ou o Zika em regiões com elevada incidência; ou 3) controlar a transmissão da malária aviária que está a ameaçar as frágeis populações de aves nativas em habitats insulares.
Se forem aplicadas com sucesso aos mosquitos, as tecnologias de impulso genético poderão ser utilizadas para reduzir o risco destas doenças através da diminuição das populações de mosquitos portadores de doenças (supressão da população) ou da redução da capacidade dos mosquitos de serem portadores do agente patogénico (substituição ou modificação da população).
Para mais informação:
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/vector-borne-diseases
http://www.who.int/publications/i/item/9789240025233
https://genedrivenetwork.org/videos#mxYouTubeR88da54c719d7acb5beb6a53f64c5214b-6
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As vacinas são ferramentas importantes no combate a muitas doenças infeciosas. Várias potenciais vacinas contra a dengue estão sendo pesquisadas, tendo uma delas sido recomendada para uso em circunstâncias limitadas. Do mesmo modo, a pesquisa de vacinas contra a malária está em curso há décadas, e uma delas foi recomendada pela OMS para crianças que vivem em regiões de elevada transmissão da doença, onde foi verificado uma redução da mesma em sua forma mais severa. Recentemente, surgiu um outro tipo de vacina que, durante os ensaios clínicos, também reduziu a incidência da malária em crianças pequenas e foi aprovada para uso em determinados países.
A malária e a dengue têm-se revelado doenças muito difíceis de controlar. Para um controlo e/ou eliminação eficazes, serão necessárias várias ferramentas diferentes. É de esperar que o controlo de vetores continue a ser importante por diversas razões. Por exemplo, as vacinas que previnem a doença clínica não impedem a transmissão do parasita ou do vírus, mantendo-se assim a ameaça de infeção. Atualmente, a demanda por vacinas aprovadas é superior à oferta, e muitos ficam desprotegidos. Além disso, geralmente as vacinas precisam de ser administradas em doses múltiplas, o que gera problemas em termos de custos e adesão. A OMS defende que é urgente encontrar novas ferramentas de controlo dos vetores e que o potencial uso de mosquitos geneticamente modificados deve continuar a ser estudado.
Para mais informação:
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/vector-borne-diseases
http://www.cdc.gov/dengue/prevention/dengue-vaccine.html
http://www.who.int/publications/i/item/dengue-vaccines-who-position-paper-september-2018
https://www.who.int/news/item/06-10-2021-who-recommends-groundbreaking-malaria-vaccine-for-children-at-risk
https://www.who.int/news/item/14-10-2020-who-takes-a-position-on-genetically-modified-mosquitoes
http://www.thelancet.com/pdfs/journals/lancet/PIIS0140-6736(19)31139-0.pdf
https://www.ox.ac.uk/news/2023-04-13-r21matrix-m-malaria-vaccine-developed-university-oxford-receives-regulatory
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